quarta-feira, novembro 29, 2006

Ai!

Por quê as rosas brancas da casa da minha avó [lindas como nenhuma outra] murcham tão rápido? Por quê a minha base stick acaba antes do tempo previsto? Por quê o meu perfume acaba? Por quê a minha paciência tem fim? Por quê o dia do aniversário da gente é só um dia? Por quê acabam-se os relacionamentos, as amizades, as estações do ano? Por quê acabam-se as peças que fazemos, nos palcos e com elas, toda a magia? Memórias, personagens... por quê acabam-se as novelas que nós mais gostamos? Os seriados americanos?! Por quê acaba o Bis? Por quê a minha música preferida só tem três minutos e eu preciso sempre colocar no repeat? Por quê os bons morrem? E por quê, às vezes, tão cedo? Por quê acaba o tempo? O amor? O delineador azul? Por quê acaba a paixão? Por quê a cor do meu cabelo desbota? Por que é que tudo precisa acabar pra ser bom? Por quê encerram-se ciclos que nos fazem tão felizes, por quê nos afastamos de pessoas que adoramos? Por quê as coisas terminam? Por quê o semestre terminou, e por quê a Ana não vai mais dar aula pra gente?
Por quê é que tudo o que é especial dura pouco, queima como se fosse um pavio, uma bombinha de São João... ? Mal dá tempo de absorver, logo acaba. Só fica este apertozinho no peito...
... Ai.

***

Eu tenho, ainda, muito o que dizer, mas não consigo. Talvez amanhã. É insuportável quando nenhuma palavra parece ser capaz de dizer o que a gente sente.
(Aaaai).

sábado, novembro 25, 2006

É uma merda, mas é assim.

Semanas barulhentinhas. Fim de ano, cheio de burbulhinho também. Muita farra e pouco conteúdo. É uma merda, mas é assim. Coisa mais hipócrita, mas é assim, fazer o quê. Vamos todos parar e dar as mãos e nos lembrar que crianças não tem o que comer e que não têm que trabalhar, mas é assim. Não pensem que eu estou de fora. Não sobra tempo e não sobra saúde pra sair da redoma. É uma merda, mas é assim. E todo final de ano eu digo a mesma coisa: isso vai mudar. Não muda. É uma merda, mas é assim! E a ficha fica parada o ano inteiro. Fica na garganta, paradona. Chega no final do ano, a época em que se olha umbigo afora, daí a ficha cai. Mas cai tarde, porque agora a gente pisa no terreno da hipocrisia (não adianta, portanto, dizer que estou me tornando menos egoísta).
Entretanto, desconfio que as coisas todas são reservadas para acontecer no final do ano. Talvez a sobrecarga seja tanta, que tudo vai como que espirrando pra fora, naturalmente, por ordem de escassez, mesmo. De fadiga, de cansaço. E coisas estão se modificando, neste sentido, na minha vidinha de Hello Kitty [parafraseando José Simão e tirando o "adjetivo" atribuído à primeira-dama]. Uma porque eu nunca suportei o jeito Hello Kitty de ser - digo: a vida não é só oba-oba, taças e brindes, saltos e cílios postiços. Acho tudo muito lindo, mas simplesmente não sou parte deste mundo, me sinto um patinho feio a começar pelo salto que eu não uso e os cílios postiços que eu não preciso... siiiim, a vida está mudando. Chega de incoerência, sabe? E começando comigo. Espelho. Às vezes me envergonho de coisas que eu faço e de coisas que eu penso. É uma merda, mas é assim. Às vezes, julgando, me dou conta de que me sinto superior e não sou superior coisíssima nenhuma, muito pelo contrário. Sou só inteligente. Muito inteligente, quando não estou distraída. E quando não tenho preguiça de ser. Quando eu esqueço um pouco os vestidinhos e a maquiagem, a estétiquinha de tudo, a imagem ostensiva e o conteúdo reprimido. Querendo falar e sem espaço. É uma merda, mas é assim. Esta coisa de querer sempre ser e ter o centro das atenções, sabe como é? E de insistir em ser mimadinha mesmo quando se é grandinha. Fazer manhas, bicos. Ser irresponsável e intolerante e adolescentezinha, mesmo quando se tem vinte e muitos anos. Porque os outros têm sempre culpa e eu sou sempre a vítima. Porque os outros têm sempre segundas e terceiras intenções. Porquê eu preciso demonstrar poder e controle sobre tudo. E porque eu falo uma coisa, mas faço o contrário. Porque eu estou desperdiçando tantas coisas boas. É que eu olho primeiro pro outro e depois pra mim. É uma merda, mas é assim. As vezes eu nem percebo que o outro está falando, já passei por cima. Só que o mundo do lado de fora do meu cabelo liso não tem muita paciência. Ele fica calado, nem sempre grita. Ele fala uma vez, com jeitinho. Talvez duas. Às vezes o mundo tem cara de Hello Kitty [capa não é conteúdo]. Ele engole uma, engole duas, talvez três. Na quarta, ele vira bicho. O tapa dói e é irreversível. Incoerência se mostra. Injustiça não agrega, só separa. Ah, e afasta também. Ninguém vai entender nada de nada disto tudo, a não ser que olhe bem olhado. Quero dizer que minha vida está mudando. Quero pessoas sinceras, perto de mim e quero aprender a ser sempre e mais sincera. Quero gente justa e quero ser sempre justa. Quero gente voluntariosa e quero ser ainda mais. Quero gente adulta, mas que tenha o motor-criança dentro de si, assim como quero aprender a ser e conciliar as duas coisas. Quero ser bem vinda. E se não me encaixo, não me encaixo e pronto. Não adianta tentar colocar um prego num buraco de tamanho diferente. Ou ele pertence àquele espaço, ou não pertence. É uma merda, mas é assim.
Neste período eu estou tentando colocar o meu prego nos buracos certos. E estou tentando crescer, ser a melhor pessoa que posso ser. Estou aos poucos percebendo ser mais tolerante e mais serena para lidar com os conflitos. E o que eu achei que fosse [em mim] frieza, na verdade é surpreendentemente serenidade, maturidade. Doação de verdade. Mergulhei, mas parece que tudo insiste em estar na superfície. Sob saltos e máscaras. Não sei até quando estarei sozinha deste lado. Queria conversar com gente que me entende, mas estas pessoas parecem estar muito longe...
...é... é uma merda. Mas é assim.
***

sábado, novembro 18, 2006

Luíza e a Noite

Para Alessandro [babysauro]

Gosto de sentar aqui em cima, ela diz. Ainda não descobriram o meu segredo. Agora eu sei! Sorri. Você é o único. Em tudo, diz, me olhando nos olhos. Mas sempre foge um segundo depois, voltando o olhar pra frente e dando um gole na cerveja. E hoje a noite está linda, é uma canja. Às vezes a noite é arroxeada e o tempo fica piscando. Fico aqui testando meus limites, porque morro de medo de trovões e raios. Pausa. Não consigo parar de olhar esta mulher, e estes cabelos que o vento faz voar. Encosta-se na parede e pousa a garrafa sobre seu colo. Volta a sorrir porque sabe que estou olhando pra ela. Quando eu tinha quinze anos eu fazia a mesma coisa no prédio onde eu morava. Um dia meu pai descobriu e entrou em pânico. Ele tinha medo que eu fosse me jogar de lá de cima! Mas depois passou a me acompanhar. Toda vez que eu sumia, podia contar uns vinte minutos no relógio e lá estava ele, abrindo a portinha e se sentando ao meu lado. Ele abria a portinha da cobertura e abria a portinha da minha clausura, também. Sabia se aproximar de mansinho sem fazer barulho e sem violar minha privacidade. Me sinto inseguro quando escuto isso, mas ela toca minhas mãos como garantia de que está segura, ali, comigo. Então, continua, eu ficava pensando que queria estar lá longe, onde meus olhos alcançavam. E meu pai dizia que havia alguém na janela, está vendo? Ele está acenando pra você!!!! E eu acreditava e acenava também e você não sabe como aquilo me deixava feliz!!! Os olhos brilham e ela volta a olhar pra mim. Outro gole na cerveja. Acene pra ele, ele está te olhando, olha lá, brinco. Ela se levanta e pula como uma criança. Como se fosse uma festa. Depois pára. Vem, vem aqui e sente! Fecha os olhos e vê como vento bate no seu rosto... eu adoro estas luzes, como adoro. Dá a impressão sabe o quê? Que eu estou olhando a cidade de uma visão privilegiada, presenteada, e que ninguém sabe que estou aqui. Ninguém sabe que está sendo observado por mim. Dá uma sensação gostosa de poder, poder saudável. Você sabe, diz ela, chegando mais perto, que não existe nenhum lugar do mundo que me faria trocar por este lugar. Pega minha cerveja e volta a se sentar onde estávamos. Não consigo me mover daqui, prego meus olhos nesta mulher, no seu rosto, nos seus olhos negros e gulosos, nos lábios. Mas o seu sorriso me destrava e eu me sento ao seu lado. Estou nervoso como um moleque de dezesseis anos. Nos deitamos lado a lado, no colchonete, e ela cola seu corpo quente no meu. Sua pele é macia e úmida. Colo – lhe junto a mim, tocando sua cintura. Pêlos, pés, lábios, seios. Agora é a noite que nos assiste e a cidade que guarda o nosso segredo. Respira, conosco, este fôlego curto de uma paixão recém-descoberta. Tenho-a minha, inteiramente nua, seu corpo e sua alma, entregues docemente como a paisagem se entrega aos seus olhos. Também eu me entrego e digo-lhe, antes que me escape: não existe lugar do mundo algum que eu trocaria por este lugar, e por você junto comigo. Me beija e me beija e me beija; é a última coisa de que me lembro. Minha memória foi inteiramente tomada pela embriaguez do seu perfume noturno e totalmente voraz. Nosso segredo.
***
Feliz. Esta semana eu percebi que às vezes a gente pode perder pessoas pelo caminho, mas percebemos que existe gente na vida da gente, que vale por dois alguéns. Até três. E olha que procurando bem tem gente que vale por quatro. O Dennys, a Jú, o André.
O que dizer quando termino o meu dia lendo textos maravilhosos que meus amigos me mandam e sabendo que as pessoas confiam em mim??? E esta chuva???? Minha alma lavada. Eu estou sentindo amor no meu coração, não sei bem como e pq e por quem. Acho que é felicidade, isso... é. Eu só tenho a agradecer à Deus, porque estou protegida pelo amor e o carinho das pessoas.
Meus amigos me inspiram!!!! Obrigada, mundo!

domingo, novembro 12, 2006

Moulin Rouge!

Saímos da Belvedere - nem senti, ainda estava sob o efeito de tudo tudo tudo aquilo - e fomos comer esfihas. Liberdade. Viaduto da Liberdade, olha lá embaixo como tudo passa. Não tenho mais medo de altura. Faz frio aqui e o que é este povo todo dormindo na rua, aqui no alto, esta ponte, este monte de gente junta, cobertores como se adiantassem. Esta cena faz tudo o mais perder o sentido, mas tudo bem. Fico calada. Como bastante. Me chamam de bebê. Fazendo doce porque ninguém queria o troco. Quase que eu disse. Beijos, despedidas. Resolvemos ir direto para o Little, queremos rock e dançar. Tô sem dinheiro, preciso ir pra casa. Não, não vai dar tempo. Me emprestam 21. 16 é pro couvert. Sobra cinco para o refrigerante [ótimo]. Pegamos a vinte e três. Sinto vontade de ligar a câmera do Erick, ali no banco de trás, e filmar as luzes e os prédios todos, e filmar coisas que só meus olhinhos de grilo vêem. Contenho-me. É cedo, ainda. Resolvemos parar para um papo. Um posto de gasolina. Meninas prostitutas comendo batatinhas na loja de conveniência. Saias tapa-útero. Erick, Juliana e eu estacionados em frente, Moema. Vai lá, Erick, eu disse. Vai lá e filma. Corajosinho, lá vai ele com sua carinha de joaninha, carregando sua câmera. Olha lá, Jú, elas estão puxando assunto com eles. Júúúú! A menina tá sem sutiã, credo! Alguma coisa tocando no rádio que casa direitinho com a cena e aí vem duas peruas. Uma delas veste uma blusa com gola de pele e saia preta até o pé, como quem volta de uma ópera. Erick vem vindo e nos mostra sua filmagem extra-policial. Extra porque é um furo de reportagem, as prostitutas jovenzinhas da classe-média [alta?]. Policial porque foi assim que eu me senti, hehehe.
Ficamos tomando cerveja até as 23h30 [quer dizer, ficaram, odeio cerveja, nhec].
Jú e eu, olha aí o palco e olha ali a banda. Chegamos de fininho, timidamente. Melhor ficar na frente, quero sentir o vocalista cuspir na minha cara. O cara da guitarra continua com aquela cara de Jovem Guarda e guardou minha bolsa embaixo de todas aquelas coisas. Ligo no celular do Inacreditável para fazer inveja. Ele liga de volta e escuta um pouco de rock [eu anônima aqui, ele anônimo lá]. Um cara que como diz a Jú, "já fez a passagem". Tão bêbado que os olhos não dizem mais nada. Olha fixo para frente, perdido, passado. Coloca a garrafa de cerveja sobre a cabeça e fica rebolando. Um pouco depois chega o cara da Universal. Puro preconceito, era um homem negro, vestido de terno e gravata, que canta e dança como um cantor de Gospel das igrejas norte-americanas. Divertidíssimo. Rebola, abaixa, dançam suas mãos e pés e cintura e tudo. Quer sair na foto. Chegam Júlia e Letícia. Me compram uma sagatiba [bebo tudo e não acontece nada, nem antes, nem durante e nem depois]. Conversamos um pouco sobre o texto de Júlia. Quer que eu encene. Não sei se topo - embora eu goste.
Dançando muito e cantando muito, sou feliz. O quadro dos Beatles - o que será que tem este quadro que eu não páro de olhar pra ele [disfarçando porque eu não sei a letra da música]. Deve ser puro delírio porque estão olhando para mim e para você e para ela. Letras em neon atrás do palco, Little Darling. Letícia me diz que inveja minha meiguice. Sinto vontade de lhe dar um abraço, mas fico quieta [da próxima vez eu darei]. Não estou cansada [uso um All-Star e blusinha fofa], embora esteja sem maquiagem. Vou buscar uma Soda diet. Tudo está acabando. Papos hilariantes com os dois caras estranhérrimos, mas lúcidos [os únicos]. Divertidíssimo. O tiozinho que faz aniversário está soltando bolinhas/bolhinhas de sabão. Perfeito, estou no céu, embora olhe em volta e mais pareça a visão do inferno. Penso aqui e digo pra Jú: não bebam, homens. Não passem da conta. Vocês ficam ridículos quando estão embriagados. Só Deus sabe [e nossos ouvidos]. Puro papo-meleca. Porcaria, mesmo. Madrugada, vamos embora. O dia vai clarear. Letícia está totalmente bêbada, cantando ali na frente e dizendo que daria para Caetano Veloso [eu daria para o Chico Buarque, mas fiquei quieta, a cena é dela].
Perfeito, penso. E ainda sobra espaço pra um hot-dog depois.

sexta-feira, novembro 10, 2006

Para rir!

* Ele ganhou um apelido. Mas eu não tive culpa. Usei uma frase e ele estava nas entrelinhas. E o carinha com que eu estava conversando simplesmente desandou a rir e rir e rir. Parei. Pensei. Não, não pode ser. Mas não tem outra explicação: sim, ele leu as entrelinhas. MeuDeusdocéu, mas mal nos conhecemos e como ele já pega as minhas fumaças destes jeito??? E pegou mesmo. Começou a rir quando leu a frase. E rir e rir e rir. Perguntei cadê a graça e ele disse que a minha frase já dizia tudo. E o nosso outro amigo... bem, ele ganhou um apelido. Virou um signo, coisa de gente grande, porque até contrato social já teve e foi o mais rápido da História da Semiótica. Sim, claro!!! Semiótica é pra gente de visão e não estamos falando aqui de qualquer um. Ele é praticamente uma... exceção!!!!
[se eu descobrir que quero que vocês entendam, venho aqui e toco fogo de uma vez...]
* Existem pessoas que simplesmente não nasceram pra se relacionar. Algumas, precisam de códigos. Eles são acionados e se dá uma dentro. Se disparam, é o dia de Intolerância Total. Se nem soam, é frieza. Mas e os poetas? E os artistas? Ainda têm um jeitinho. E os Engenheiros que ficam cor-de-rosa? [essa é pra você, amiga!!!] E eles??? Vêm, jogam rajadas de cálculos frios como 3+3, patadas disfarçadas em potências e calculadoras HP. Digo isso pra se ter a base da frieza, porque quando falo em HP sinto um frio na espinha que vem lá do ossinho do bumbum [tem nome, mas esqueci].
Bom, onde eu estava? Nas patadas. Rajadas. ratatatatatatatatata, 360º . Nem os santos escapam, eles que são os pais da paciência. A última é que eles resolveram seguir a Palavra...
[Inteligência Emocional, Daniel Goleman, comprado dia 10/11, com Nota Fiscal]. Juro que não foi minha imaginação: Passei ali e vi a dupla lendo a Introdução!!!!!!!!!!!!!!!!
* Mel, manda um boy pra Santos. 09h30 AM.
* Mel, se não tiver nada pra fazer, manda o boy levar este envelope pra Santos. 14h30 do mesmo diááááá!!!
[São Paulo, Moema].
...são as Pérolas do Planejamento, minha gente!!!! Formidável!!!!
* A moçoila sabe lá Deus o que estava fazendo, chegou atrasada na aula. Sentaram no lugar dela. Ela ficou brava comigo porque eu não coloquei minha bolsa para reservar o seu assento...
Fui adulta e não sabia [na quinta-série].
****espero lhes ter proporcionado bom divertimento****.

quinta-feira, novembro 09, 2006

Viver é assim!

Alguns parênteses...
*Eu sinceramente não sei o que será de mim sem a aula de Com. & Exp. [aceito idéias]
*Incrível como são as coisas: "há" pessoas que não fazem idéia do impacto que causam na gente, elas e seus "objetos".
*Cada dia que passa me deparo com pérolas e mais pérolas de planejamento [canja: da falta de]
*Quando isso acontece eu percebo que eu não sou dotada da menor parcela de paciência
*Ando com ciúmes. Ciúmes e um tiquinho de inveja. Sim, eu admito, me entrego. Senti, me envergonhei, entristeci. Está passando.
*Às vezes eu simplesmente durmo sobre o teclado.
*Às vezes eu sinto vontade de simplesmente beijar você, babysauro, e não ficar só olhando e fingindo.
***
Hoje acordei chorando, achando coisas básicas do tipo: "ninguém gosta de mim". Às vezes acho que esta correria está afetando minha (já afetada) kbeça. Mas pensando bem... não dá pra afetar o que já é afetado. Só sei que foi o contrário: cheguei no trabalho e melhorei: com as pessoas, com a vida, com o ritmo, com os e-mails, msn's [a consciência está no pé, porque estou muuuito vagal nos últimos dias] e etc. Fui merolhando. Merolhando. Merolhando. Agora estou ok. O Quiroga [curto este cara] escreveu "assim" que eu não deveria perder a alegria de vista, porque a fossa não é mais legal de sentir do que a alegria. Se você não consegue estar alegre, esteja pelo menos "ok", diz ele. Mentira, esta última parte sou eu quem está dizendo agora.
E eu descobri que é verdade aquele papo de que estamos dormindo. Nós estamos dormindo, desmaiados, não enxergamos um palmo na frente do nariz. É por isso que certas coisas - frases, músicas, textos, cores, quadros, olhares, sorrisos, atitudes, certas coisas - nos chocam. Nós simplesmente despertamos da nossa anestesia preguiçosa. E hoje eu reli o conto da Jú chamado "Óculos". Aliás, hoje aconteceram duas coisas terríveis - adoravelmente terríveis: eu li o primeiro trabalho que tive contato do João Gilberto Noll (fui apresentada pelo André do grupo de literatura) e tudo - TUDO MESMO - parou bem ali.
Esse André é um danado!!! Li o conto e senti minha alma lá dentro do conto do cara. Aliás eu me vi, por dentro, por fora, por todos os lados. "Nó no peito" é como acaba. "Nó no peito" é o que eu senti.
Depois veio a Jú, outra danada, me mandando o primeiro conto que li, dela. "Óculos". Implacável.
Meu dia ficou mais vivo, mais doce e mais leve depois que vi os amigos que tenho ao meu lado. Gente que me entende. Gente que me faz sentir verdadeiramente viva. Sentir no sentido puro da palavra.
Obrigada à vocês dois, André e Jú!!!!

terça-feira, novembro 07, 2006

Liberdade, inteligência e elegância...

Minha amiga Juliana traduziu o que eu sempre quis dizer, mas não conseguia explicar. Minha irmãzinha já me havia dito a mesma coisa. E eu repito aqui, pra quem quiser ler e ver a vida com outros olhos, de outro jeito, sem seguir a mesmice de sempre. Quem sabe raciocinar um pouco!!! Eu não quero ser mais uma na multidão. Não quero e não sou! Não quero ser estatística.
Eu quero ter liberdade para ser feliz, aprontar, curtir a vida, rir, chorar, viajar, beijar, fazer amor, subir em árvores, correr na praia e fazer guerrinha de areia molhada, tomar banho de champanhe (igual eu fiz no ano novo), andar na praia à noite e dançar muito lá no Little Darling - mas totalmente sã!!!! Totalmente sóbria para curtir ao máximo os meus momentos com autenticidade e de forma verdadeira. INTEIRA.
Sim, eu sou livre. Não preciso encher a cara pra acompanhar ninguém, pra fazer parte de um time, pra ser reconhecida ou seja lá pra que for. Sou livre para ir e vir onde quiser e com quem quiser, sem me agredir.
Eu simplesmente não entendo esta apologia ao álcool que é feita hoje em dia, como se fosse bonito e como se fosse inteligente!!!! O álcool acaba com o seu corpo e diminui sua expectativa de vida. Escolha: saiba beber com elegância sem perder o melhor da festa - ou faça o melhor da festa sem precisar se aniquilar - ou então não beba!
Quem gosta de homem bêbado? Quem acha bonito mulher vomitando de tanto beber?
Não estou falando só do que é bonito, mas do que é inteligente!!! Não existe homem que resista à uma mulher que saiba beber, não existe mulher que resista à um homem que saiba beber, e não exista organismo que resista à misturança desenfreada de álcool!!!!
Quer botar o pé na jaca, suba na mesa e dance, jogue espuma nas pessoas, faça guerra de amendoins, se jogue na piscina, se mate de rir, ou então chore - se tiver vontade!
Embebedar-se, passar mal de tanto beber, não é botar o pé na jaca, é assinar um atestado que diz assim: "Eu sou mais um babaquinha na multidão".
E a Jú disse tudo. Repito aqui o que ela disse e me sinto no total direito de dizer isso:
"Eu sou LIVRE".

segunda-feira, novembro 06, 2006

afffffffff!!!!!

A comunidade do orkut que eu mais gosto de fazer parte: "Você me irrita profundamente!!!"
Mel pensa isso várias vezes por semana, e sempre com as mesmas pessoas!!!
***
Recado aos babacas que acham que mulher é idiota: seus poemas e suas palavras bonitas não fazem a minha cabeça. Xaveco virtual muito menos. Rajadas desesperadas em busca de fêmeas. Querido(s)... tenho a dizer que simplesmente a sua rajada de desespero não me acerta. Sua lábia entra por um ouvido e sai ali do outro lado mesmo.
Vááááááá...
***
Depois escrevo mais, agora estou sem paciência.

sábado, novembro 04, 2006

Anônimos


[Escrito enquanto esperava o último metrô do dia]


À meia-noite, o segurança do Edifício República tranca o portão. Ele pega a flanela na gaveta e esfrega no vidro, para que possa ver a rua. Enquanto deixa o ar entrar na cabine, fuma um cigarro do lado de fora. Está frio. Ele balança as cinzas, que caem no jardim, e observa os taxistas conversando, em frente ao bar. A rua está semi-deserta. O segurança entra na cabine e liga a mini-tevê. Pega a garrafa de café e enche a caneca. A tevê não pega bem. Todos os dias, à meia noite e dez, o segurança dá um tapa na mini-tevê e olha atento a programação, enquanto toma seu café.

À meia-noite e vinte um, o auxiliar de limpeza já está com todos os sacos de lixo preparados. Ele aguarda o metrô chegar, e se posiciona no primeiro vagão. Cinco minutos depois, o metrô vem. É o último da noite. O auxiliar de limpeza joga todos os sacos dentro do vagão, um por um. Todos os dias à meia noite e vinte e oito, o auxiliar de limpeza acena para o metroviário, cujo rosto ele vê no espelho e depois segue o seu caminho.

Á meia-noite e trinta e dois, o vendedor de churros prepara seu último churro. Cada dia escolhe um recheio diferente. Depois, desliga o forno e limpa as colheres e adereços que usa. Todos os dias à meia-noite e trinta e sete, o catador de latinhas come um churro quente e fresco. Todos os dias, à meia - noite e quarenta e cinco, o vendedor de churros fecha o cubículo, na praça do Terminal Santana e segue o seu caminho.

O taxista escuta o barulho. Acena para o vendedor de churros. O metrô apaga as luzes. Passa o último ônibus. Não há ninguém na rua. O cachorro se acomoda embaixo do banco de cimento. É o Zé. Todos os dias à uma hora, o cachorro Zé procura um banco seco para descansar. Mais três se juntam à ele. O mendigo dança. Outro se enrola na manta de estopa. Os taxistas se despedem. E seguem seu caminho.

Silêncio. O segurança do edifício república volta a limpar a janela embaçada. Do outro lado da rua, a luz do casebre está acesa. O homem segura uma caneca quente. O segurança vê o vapor e o homem sem camisa. Por um momento, seus olhares se cruzam. O homem acena. Ele responde.

Todos os dias, à uma e meia da manhã, o auxiliar de limpeza chega em casa e toma uma xícara de leite quente. O segurança cochila, hipnotizado pelo chiado da mini-tevê. O mendigo dorme, ao lado de Zé. O outro lhe dá um pedaço da manta.

E no deitar do dia, compartilha-se a dignidade do trabalho, o cansaço do esforço, a dor da solidão.

quinta-feira, novembro 02, 2006

Compaixão

Se eu me tornar um ser humano que não sente,
se me tornar indiferente
se quando me chamar, olhar ao lado
se sua dor encontrar minha piedade
que eu não seja então um ser humano, que eu não exista.
que eu não tenha o direito de existir, se existindo,
minha felicidade for única. dissociada com o bem dos outros homens
alheia à dor e à agonia do mundo.
Antes, quero agonizar também. Quero chorar, se preciso.
E que doa, e que a dor diminua a sua.
E se não for assim, então eu não existo...
...nunca estive por aqui.