domingo, fevereiro 19, 2006

Difícil...



Na última experiência teatral que tive, construí para minha personagem [Anne Frank] um figurino onde tivesse impregnada sua própria história de maneira metafórica. Tinha uma estrela de Davi feita de metal, pendurada no peito. E o toque maior ficou por conta de uma saia, na altura do joelho, rodada, cheia de penduricalhos: fotos, pequenos bichos de pelúcia, enfim, coisinhas que existem num quarto de menina. O tecido da saia sumiu. Ficou parecendo um árvore de natal cheia de coisas. E eu nunca esqueci desta saia. Quando a peça acabou, eu tirei as coisaradas, que estavam presas com alfinetes. Eu gosto de moda e ninguém sabe, mas tenho muita vontade de customizar minhas roupas, deixar com minha cara [que acho que quase todo mundo sabe qual é] e desenhar e costurar roupinhas pra mim e para minhas amigas...
Hoje comentei com minha mãe que qualquer dia vou fazer uma saia como aquela pra eu usar, no dia-a-dia, mas ao invés de pendurar com alfinete [porque durante a peça levei várias alfinetadas na bunda] vou costurar com lacinhos.
Então, como sempre, me arrependi de ter mais uma vez contado à minha mãe sobre meus planos. Ela me perguntou: "até quando você pretende ser criança?"
Que desilusão... que mente pequena... será que é tão difícil entender que eu me visto conforme meu astral, meu humor, minha personalidade? Acho que ela não conhece a minha personalidade... tá, e se eu gosto de parecer uma menina, que mal tem? E o fato de ter alma de menina por acaso me impede de ser uma mulher? O que torna uma mulher, mulher, são as roupas que ela usa e como ela parece, ou suas atitudes?
Eu disse pra minha mãe que ela ainda tem muito o que aprender e ela respondeu que certamente tem, mas que não será comigo...
O pior de tudo é que estas coisas sempre acontecem no fim do dia, e que sempre acabam estragando o meu dia....
***
Ah, e ela gosta de U2. Sabe todas as letras. Infelizmente não pude lhe comprar um ingresso, quase não pude comprar o meu. Só que a minha irmã caçúla, não sei como, ganhou - repito: GANHOU, dois ingressos. E ao invés de dar um deles pra minha mãe, que quer tanto ir ao show e que eu não sei se terá outra oportunidade pra ir, não... ela vai vendê-los... é capaz de ela não conseguir e ficar com os ingressos na mão, mas não passa pela cabeça dela e o que é pior: não passa pelo coração dela agradar a mãe e dar um ingresso pra ela poder ver o show.
Ah meus amigos... vocês não têm idéia do quanto eu fico triste, às vezes, por não poder fazer o quanto gostaria. O "poder" vem para as mãos erradas... se fosse eu quem tivesse ganho o ingresso, levaria meu pai e minha mãe.
O QUE A GENTE RECEBE DE GRAÇA, A GENTE PRECISA DAR DE GRAÇA.
foto: a saia! Eu em cena, com os colegas.

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