segunda-feira, maio 15, 2006

"Viver é foda, morrer é difícil... te ver é uma necessidade: vamos fazer um filme..."

Eu posso dizer que sou o tipo de pessoa cheia de vontades e idéias. O que não é propriamente preocupante, porque tudo acaba no máximo ali no papel. Seja em forma das listinhas que eu adoro fazer, como se elas fossem meus desejos concretizados, enfileirados, enumerados. Seja em forma de algum texto "criativo" e que todo mundo atribui realmente à minha escrita. E tudo bem. Não é preocupante enquanto ficar ali no papel. O problema começa quando a Princesa Isabel despertar, este meu lado "ong". Que é forte. Que é denso. Que é quase maior do que o outro lado. E ontem eu me peguei pensando... será que aquela vida mansa, perto do lago, com o meu cachorro e meus dois filhos, esperando o doce marido chegar do trabalho, é a vida que foi feita pra mim? Ou será que aquela outra, que ao invés de fugir de um país em chamas, fica, estuda, briga, media, acredita... e dedica sua vida por uma causa, seja onde for e com quem for...? Ou será que dá pra conciliar as duas coisas? Será que este caminho ambígüo é traçado pelas minhas decisões, ou por uma Força Maior, que já sabe qual dos dois caminhos eu escolherei, ali na frente?
Eu tenho os meus sonhos românticos, maternos, idealistas. Sonho com coisas palpáveis. Mas diante das coisas como estão, das coisas que a gente vê na televisão e lê nos jornais, quase não sobra nada. É como se eu não me desse o direito de sonhar. Morrem pais de família, pessoas que nos protegem, pessoas inocentes. Gente até que morre por defender alguma coisa. Com que direito eu vou sonhar com uma paz que eu nem sei se existe? Fugir pra onde? Quem garante que lá fora é mais seguro do que aqui? E como fugir ao invés de me juntar às pessoas para resolver o problema?
Acho que seria preciso nascer de novo. Mas as vezes eu sinto uma brechinha de uma brisa boa e que diz que nem tudo está perdido...
Enqüanto isso, vou me dando o direito de saborear ao máximo as pequenas coisas. Cada passo que eu dou, cada idéia que me vem à cabeça, cada sorriso de alguém que eu amo, ou cada sorriso novo que me conquista.
Tem uma cena do filme "Casa dos Espíritos", em que a Blanca se recusa a comer. Ela está presa ou coisa assim. A mãe dela aparece e lhe diz: "a morte vem de qualquer jeito. Você precisa lutar pela vida!"
E é isso. Como sempre, eu mesma respondo minhas próprias dúvidas...

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