Crash - No Limite
Putz. Estou cada dia mais convencida de que eu preciso fazer alguma coisa... Sei lá. Crochê, natação, aerobox, yoga/ioga... algo que me faça acalmar, ou pelo menos aprender a contar até cem antes de estourar... É. A Mel anda super estouradinha ultimamente, e ela não consegue entender o que está acontecendo.
Fico pensando neste ritmo frenético e alucinante que é a nossa vida (pelo menos em São Paulo). Não temos tempo para ver nossos amigos. Para dar-lhes atenção. Para olhar para o céu e saber se vai chover, se vai fazer sol. Pra passear com o cachorro e ler um livro em paz, sem ficar pensando ao mesmo tempo na conta que vai vencer amanhã...
Não é propriamente uma reclamação e se for, estou acertando as contas comigo. Tô cansada. E eu preciso urgentemente aprender a ser mais tolerante, não apenas com os outros, mas comigo, talvez principalmente comigo... eu sinto vergonha toda vez que percebo que me faltou paciência.
Como se eu não fosse suscetível à mudanças de humor, como se eu não tivesse o direito de errar.
Onde foi que eu li... acho que foi o Dalai Lama quem disse: "meu orgulho, minha vaidade, meus desejos, eis aí meus piores inimigos". Incrível como é espertinho esse Dalai Lama... :-P Parece até que freqüenta a minha casa!!!!
Ultimamente tenho estado um pouco mais sensível às coisas. Eu tenho sentido talvez em dobro, como se eu estivesse enxergando tudo com uma lupa... climas tensos, falsidades, olhares estranhos. Nem sempre ligado à mim. Mas fiquei triste esta semana, porque fiz uma brincadeira e uma colega me olhou com certo pouco caso. Engraçado, porque ela está sempre fazendo brincadeiras, e quando eu faço a mesma coisa... pois é...
Mas quero deixar claro pra você, blog, que esta semana estou desconfortável, porque estou me sentindo um bocado hostil com as coisas... e eu não costumo ser assim. De modo que tudo isso pode muito bem ser encucação minha, pois.
A gente é como um benjamim. Vão se colocando tomadas e mais tomadas, o que acarreta excesso de carga. Ninguém toma providência alguma para "amenizar aquela carga". Até que um dia, quando a coisa chega no limite, aquilo tudo explode. A gente é assim. E eu sou um benjamin de mil entradas, onde são plugadas duas mil tomadas.... enfim...
that's amore.
De vez em quando eu preciso fazer uma faxina... ontem fiquei até tardinha/noitona no escritório, limpando os armários e cada folha de papel. Sinto os efeitos aqui no meu cpu/cerebelo. Agora preciso fazer isso em casa. E depois, na vida. Vai dar certo.
***
Na verdade, o tempo parou desde segunda-feira à noite. Está parado em 23h00 e pouquinho. E talvez todas as minhas horas de sono e descanso desde então tenham sido de mentirinha. Estou ainda encostada no armário ou de joelhos no azulejo do quarto, passada.
O filme aborda a questão da discriminação racial sem hipocrisia. Com uma crueza fria e corajosa. Quem costuma se emocionar, não chora ali por comoção, mas por desespero. Puro. É como se estivéssemos frente a frente com as verdadeiras intenções e perspectivas humanas. E encarar o homem sem tapar o sol com a peneira, dói. Ver o desespero do cara para reagir com coragem e não ser humilhado, a gente percebe o sofrimento e o esforço que ele faz, lutando contra o seu próprio medo, contra a sua própria submissão e contra o seu próprio preconceito. Uma barreira que ele mesmo cria para ele, e começa a ser jorrada pra fora com violência e transparecida num olho cheio de água e cheio de pavor. Putz. O filme é implacável. Abram o dicionário e vejam o significado de IMPLACÁVEL.
Im-pla-cá-vel.
Como a vida. Como a verdade.
Tem coisas que chegam até a gente e a gente acha legal(zinho). Ah, vai ver que é bom. Mas tem outras, uma minoria que vale pela maioria, que chacoalha nossos valores, nossas opiniões formadas, nossos fantasmas. Me faz perceber o quanto eu sou medíocre, mas que graças à Deus, existe esta força maior, motora e vital, que faz com que todo o homem que se veste em falso ouro, seja despido. Com que cada velha idéia seja desfeita. Cada verdade escondida, salte, violenta, sob nossos olhos. E com que não deixemos esta vida, sem aprendermos.
E então, cada homem, seja lá de onde veio, seja lá que cor seja sua pele, seja lá qual saldo tenha, e a retidão do seu caráter, todos eles terão a chance de deixar este mundo com dignidade de poder dizer:
Eu sou um homem de verdade.
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