sexta-feira, dezembro 30, 2005

Casa construída sobre terra firme...

O filme é bom até a cena 14. É a cena que resume minha proposta de vida: paixão em cada segundo... Isto às vezes não é bom, a paixão é um ópio: quanto mais se tem, mais se quer. E quantas vezes - vou falar só de mim - eu não precisei de equilíbrio: o meio termo de que eu tenho pavor... não sei se um dia eu vou deixar de ser como eu sou, se vou mudar, não sei se JÁ estou mudando... o fato é que A PRAIA é uma droga de filme e o roteirista devia estar MUITO chapado quando escreveu o dito cujo roteiro. Sabe aquele papo que rola em fim de festa depois que você ou seu amigo já tomou todas e fumou até morrer? É, aquele papinho besta. Viajar na maionese, sem ter onde ir e onde chegar. Tá, não vou ficar também metendo pau no filme. É que fora a cena 14, tem outra coisinha que mexeu comigo, sobre a qual eu quero falar agora...

...ah, blog. Não queria fazer de você meu saquinho de vômito... [risos] por favor, seja paciente. Virão dias melhores. Estou convencida de que ATÉ os dias de fossa são necessários. Eu, por exemplo só descobri que é MELHOR ficar no meio de muita gente, agora, que escolhi [burramente] passar o reveillon sozinha. [explicações abaixo]

Mas da mentira. Por quê motivo as pessoas mentem???? Mentem descaradamente, deslealmente. Mentira é falta de respeito, falta de consideração e falta de coragem. O Léodicaprio transou com a moça e disse na maior cara de pau, para a namorada francesa, que nada tinha acontecido [isso pra falar da mentira mais manjada]. Ela o fez jurar, e ele JUROU!!! Caraca!!!!! Meu. Eu não sou de ferro. Sei que é foda e que a carne é fraca. Por mais ciúmes que isso desperte, olhar nos olhos e dizer: SIM, ACONTECEU. EU FIZ... putz, ele perdeu [como muitos outros] uma grande oportunidade de mostrar que é um homem de verdade.

Disso vem a chapação [saudável]: o maior bem que um ser humano tem é sua própria integridade. E integridade [princípios] não se discute... aprendi isso depois do quinquagésimo quinto tapa na cara [burrice, tem gente que aprende no terceiro]. O respeito a si mesmo e aos outros. O foda não é a traição, nós somos seres humanos... pequenos, fracos, bobos... eternos viajantes, sempre buscando alguma coisa que mal sabe definir o que é. O foda mesmo é a dissimulação: mentira, mentira, mentira! Um verdadeiro teatro, e eu já fiz sim, parte de uma das cenas. Uma merda de cena.

Uma lição que eu aprendi e ensino: toda vez que você precisar mentir, é porque está fazendo alguma merda na sua vida. Não vou usar literatura agora. Vai assim mesmo: seco, cru. Se você escolhe mentir, está escolhendo perder. Se mente, desrespeita a si mesmo porque está se diminuindo, está perdendo uma puta chance de ser maior, de ser corajoso (a), e se for difícil, aprender a ser. Enfrentar. E desrespeita ao outro, que confia em você e SÓ tem esta escolha.

Explicação: é que o que parece ser ruim, pode ser convertido a nosso favor. Passar o ano novo totalmente sozinha não é ruim, se eu escolher QUE NÃO SEJA. É o momento onde eu vou ter que aprender - na marra - a gostar da minha própria companhia. A saber estar sozinha. Eu estou aprendendo... [na marra] e é a hora onde eu vou definir o que vai comigo e o que fica.

Preciosa é a dor na nossa vida. Ela nos ensina a ser fortes e a dar valor ao que temos debaixo do nosso nariz. Ensina que toda ela [a dor] veio porque nós escolhemos. E que nos caminhos dali por diante, sempre teremos à nossa escolha a oportunidade de estar feliz ou não. Eu agradeço à Deus por me ensinar tantas coisas... por me provar [na marra] que cedo ou tarde, tudo aquilo que eu planto, eu colho. Tudo o que faço sem responsabilidade, que atinja de forma direta ou indiretamente outras pessoas, volta para mim. E na verdade voltou com mais força do que foi. Doeu pra burro. Mas eu agradeço à Deus por esta dor: sem ela, eu jamais teria minha inocência e volta [porque eu sabia exatamente o que estava fazendo].

Tudo isso às vezes me assusta, mas na grande maioria delas, fortalece a minha fé. E para o ano que vem, Deuszinho, tudo o que eu Lhe peço, é que nunca me falte a fé.

Todo o resto o Sr já me deu...

A gente nem sempre tem consciência do que faz. Do que faz e do que SE faz. Na verdade o que mais dói não é nenhuma perda ou rejeição que eu tenha sofrido [famoso pé na bunda]: é o fato de ter me decepcionado com você, em quem eu acreditava tanto, e em quem confiei tanto:
acontecesse o que acontecesse, jamais mentiria pra mim. Mas mentiu.

E se a gente mente pra alguém, é porque não existe respeito nenhum, consideração nenhuma, ou noção do que seja respeito e de consideração. As palavras são faíscas. Sua poesia é fugaz, instantânea. O caráter, instável. "Uma casa construída sobre terra molhada: vem o vento, a arrasta e leva embora".

E nada disso é necessário... você não teria perdido minha admiração, se tivesse me contado, aquele dia no carro, o que realmente estava acontecendo, ao invés de mentir para alguém que colocava a mão no fogo por você.

Nós somos responsáveis por cada semente que plantamos e por cada alma que perdemos pelo caminho.

[não estou chapada].

quinta-feira, dezembro 29, 2005

"I'm going to buy a gun and start a war/If you can tell me something worth fighting for" (Coldplay)

[créditos da foto: Erick Monstavicius, amigo e poeta]

É preciso tomar cuidado com aquilo que se diz e que se pensa nos últimos dias do ano... talvez seja hora de fingir um pouco, colocar os pés nos palcos: a dor some, vem depois em forma de nostalgia porque o "espetáculo" acabou. No entanto 2005 é um espetáculo de que eu não sentirei muita falta, ou nenhuma.
Porque ser tão visceral, meuDeus... como eu queria ser superficial, de vez em quando...

***

Acho que eu vou ver o mar. Diante da sua imensidão eu me torno menor do que sou e toda esta baboseira que eu estou sentindo [mas que anda tomando espaço e tempo demais da minha vida] some, desaparece, fica menor ou tão pequena quanto um grão de areia... é. Ver o mar, ver o sol nascer. Anestesia indolor.

Como é que se nasce de novo?
Como é que se esquece das coisas que não merecem a lembrança?
Como fugir da nostalgia? De sentir saudades do tempo onde as horas passavam sem se perceber... e de sentir falta de gente que por mais que se bata o pé pra dizer que não merece, não merece, não merece, ainda mora aqui no coração...

...é claro que mora, ou eu não teria me entregado sem bilhete de volta.

Como é que volta?

***

Ah, eu precisava de um amigo que não fosse imaginário! Queria é subir no ponto mais alto da cidade, de onde eu pudesse ver tudo, as luzes da cidade noturna, o vento no rosto, os fogos da virada... você não precisaria dizer nada, bastaria estar ao meu lado e olhar para a mesma direção que eu. É melhor abraçar você do que abraçar a Magali [que eu me dei de presente]. Com a vantagem de não ser chantageada [comida em troca de conselhos rsrsrs]...

Você me entende, você sabe o que dizer ou o que NÃO dizer... você sabe me dar broncas ou me estimular [que não seja pelo chocolate]. Você me faz rir. Yeah, I really need a shoulder...

Não é que eu finja... quanto mais coisas se tem pra fazer, menos a minha cabeça me incomoda. Não sobra tempo pra pensar besteira [ou fazer]. Tem sido assim. Mas um minuto que sobra e eu me dou uma trégüa: pára de fingir que você é a Mulher-Maravilha e faça as carinhas correspondente aos seus sentimentos!!!!

[daí eu choro]

É o susto, sabe. Como parece fácil para certas pessoas deixar o passado para trás e pisarem sobre as próprias palavras e como é fácil se decepcionar...

Eu gosto de "The Village", por causa da relação estabelecida entre a Ivy e o Lucius. Uma confiança que transcende os sentidos. Ela estende a mão e coloca sua vida em risco, e ele vem.

Como eu queria poder confiar em alguém desta maneira...

[em tempo: quem é você, mesmo?????]

***

Pensando bem, Vilnius é uma boa.

[sumir].

quarta-feira, dezembro 28, 2005

De dores e de delícias...


Mortes. E renascimentos. Não quero viajar demais, nem exagerar, mas... estou lendo "Cartas à um jovem poeta", do poeta alemão Rainer Maria Rilke. Ele perguntou ao seu aprendiz se sobreviveria se lhe fosse impedido escrever. Nisso, inevitavelmente, também me perguntei... tenho escrito cada vez menos. Veio a dúvida: será que eu realmente conseguiria ficar sem escrever? Entre o sim e o não, permeou a dúvida. Eu, que estou mudando, me transformando, assim e assado, só quem não acredita é o Pólinho, que vive me dizendo que me encontra uma vez a cada dois anos e que eu sou sempre a mesma... ...a mesma Mel... E a dor e a delícia de ser quem sou. Hoje senti a dor. Deletar ACIDENTALMENTE meu blog de DOIS ANOS... todos os textos que mapeiam meu crescimento [ou decadência e dependendo da fase acho que é uma coisa ou outra] de 2003 pra cá. Os conflitos de uma leonina escondida por trás do signo solar e por trás do anjo católico. Uma pisciana que navega sem rumo ao longo dos sete mares [e gosta, o que é pior]. A menina que vive enfiando os pés pelas mãos, age e depois pensa [e se envergonha ou se arrepende], se apaixona pelo padre, pelo professor, pelo menino casado [aos 24 anos], mas este a vida se encarregou de afastar dela antes que cometesse a besteira, pelo japonês maluco, e pelo homem casado, homem mesmo, mas este veio com força total, veio, arrasou com tudo e já foi embora. Durante um tempo depois que foi embora, fiquei sem saber se eu ainda existia, quer dizer, o que ficou de mim, se esta "tempestade" não me levou junto. Achei que tivesse levado e quis que levasse. Mas de pouquinho fui me apaixonando aos poucos pela única pessoa - pessoa certa - a quem até então esta "menina" jamais tinha reparado: Ela mesma! Eu quis te segurar comigo, blog. Mas você era pesado demais. Ali tinha Melissas que realmente não existem mais. Tinha pessoas que não faziam mais parte da minha vida. Tinha medos que já não existem, sonhos que deixaram de ser sonhos, menina que deixou de ser menina [embora ainda se chame assim]. Cara de menina, atitude de gente grande. Acho que aprendi... ...é melhor olhar o horizonte de pés descalços, sentindo a terra. Pés no chão. Deixe que a alma flutue, e que o vento leve pra longe o que precisa ficar guardadinho, ali no passado. O resto acontece por si. Olá, prazer, eu sou a Melissa. Ou a Mel. A doce e misteriosa Perséfone, cujo rosto estará para sempre dividido na dor e na delícia de ser quem é...