quarta-feira, dezembro 28, 2005

De dores e de delícias...


Mortes. E renascimentos. Não quero viajar demais, nem exagerar, mas... estou lendo "Cartas à um jovem poeta", do poeta alemão Rainer Maria Rilke. Ele perguntou ao seu aprendiz se sobreviveria se lhe fosse impedido escrever. Nisso, inevitavelmente, também me perguntei... tenho escrito cada vez menos. Veio a dúvida: será que eu realmente conseguiria ficar sem escrever? Entre o sim e o não, permeou a dúvida. Eu, que estou mudando, me transformando, assim e assado, só quem não acredita é o Pólinho, que vive me dizendo que me encontra uma vez a cada dois anos e que eu sou sempre a mesma... ...a mesma Mel... E a dor e a delícia de ser quem sou. Hoje senti a dor. Deletar ACIDENTALMENTE meu blog de DOIS ANOS... todos os textos que mapeiam meu crescimento [ou decadência e dependendo da fase acho que é uma coisa ou outra] de 2003 pra cá. Os conflitos de uma leonina escondida por trás do signo solar e por trás do anjo católico. Uma pisciana que navega sem rumo ao longo dos sete mares [e gosta, o que é pior]. A menina que vive enfiando os pés pelas mãos, age e depois pensa [e se envergonha ou se arrepende], se apaixona pelo padre, pelo professor, pelo menino casado [aos 24 anos], mas este a vida se encarregou de afastar dela antes que cometesse a besteira, pelo japonês maluco, e pelo homem casado, homem mesmo, mas este veio com força total, veio, arrasou com tudo e já foi embora. Durante um tempo depois que foi embora, fiquei sem saber se eu ainda existia, quer dizer, o que ficou de mim, se esta "tempestade" não me levou junto. Achei que tivesse levado e quis que levasse. Mas de pouquinho fui me apaixonando aos poucos pela única pessoa - pessoa certa - a quem até então esta "menina" jamais tinha reparado: Ela mesma! Eu quis te segurar comigo, blog. Mas você era pesado demais. Ali tinha Melissas que realmente não existem mais. Tinha pessoas que não faziam mais parte da minha vida. Tinha medos que já não existem, sonhos que deixaram de ser sonhos, menina que deixou de ser menina [embora ainda se chame assim]. Cara de menina, atitude de gente grande. Acho que aprendi... ...é melhor olhar o horizonte de pés descalços, sentindo a terra. Pés no chão. Deixe que a alma flutue, e que o vento leve pra longe o que precisa ficar guardadinho, ali no passado. O resto acontece por si. Olá, prazer, eu sou a Melissa. Ou a Mel. A doce e misteriosa Perséfone, cujo rosto estará para sempre dividido na dor e na delícia de ser quem é...

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