domingo, janeiro 14, 2007

As minhas verdades


Uma amiga um dia me disse que todo mundo tem sua verdade e que nenhuma deixa de ser relevante. Sei disso. Tento me lembrar. Estou aqui para dizer algumas palavras para quem quer ler.
Quando recebi aquele e-mail super carinhoso e depois, o link do meu blog a ser lido por oitenta pessoas, fiquei extremamente apavorada com toda a exposição. Não tinha caído a ficha que o meu blog era lido por x pessoas. Não escrevo para os outros. Eu escrevo para mim e só. Há quem passe por aqui, alguns amigos que são leitores fiéis: Marcita, Drica, Carla, Adriana, Peu, Ellen e outros que eu não tenho conhecimento porque a galera não comenta [seria muito legal se eu pudesse saber]. Mas na realidade eu escrevo para mim. O que eu escrevo aqui eu não digo por aí. Se eu me sinto mal em um lugar, posso confidenciar para algumas pessoas próximas, mas provavelmente vou despejar aqui tudo o que me incomoda. De que maneira você faz isso? De que maneira desabafa? Eu escrevo no meu blog e quando isso envolve outras pessoas, não cito seus nomes, apenas as circunstâncias. Acaba se transformando em uma historinha. Azar que um dia as pessoas x vêm e lêem e sabem de quem estou falando.
Quero que saibam *todos*, que o fato de eu escrever isso ou aquilo, não quer dizer que eu me sinta superior ou qualquer outra coisa. Existem situações que são pitorescas e como escritora, não posso deixar passar, como a cara do professor de matemática quando o "menininho" lhe fez a pergunta sobre o que escreveu na lousa. Outras vezes eu preciso vomitar minha desaprovação: como o fato dos jovens de hoje acharem muito legal encher a cara e isso não tenho vergonha de dizer e repito aqui: acho horrível e é por isso que nunca estou no meio, porque eu não concordo e não compartilho. É isso o que penso e esta sou eu. E outras vezes eu venho aqui chorar o que não posso chorar no próprio ambiente. Não acho que deva ser julgada pela maneira que eu escrevo, eu escrevo assim e pronto. E falo assim também. Não tenho nada à mais, que não seja o gosto diferente e mais experiência de vida: maturidade não vem necessariamente com a idade, mas quando as pessoas tiverem quase trinta anos nas costas vão entender do que estou falando. Uma pessoa de quase trinta anos nas costas não perde mais tempo com certas coisas e não tem mais a energia que tinha quando tinha vinte e dois. Está em uma fase mais resignada, mais serena e sabe resolver as coisas de um outro jeito e levar a vida de outro jeito. Ela não vai pra balada [no meu caso eu nunca fui], vai para bares conversar com amigos que no meu caso são mais velhos do que eu. Ela vai em exposições, frequenta feirinhas, etc etc etc. Tudo é gosto e identificação. O fato de eu não me identificar com muitas coisas não me torna superior - e nem inferior - a ninguém.
Então por causa do pavor à exposição eu acabei deletando o meu blog e me arrependi algumas horas depois. Perdi os meu textos - todos eles - mas felizmente, alguns deles eu consegui recuperar e estão espalhados por este novo blog. Algumas das coisas que eu escrevi - e que na verdade eu nem me lembrava mais - estão aqui.
Escrever é vomitar, muitas vezes. Não me lembro a última vez que vomitei e nem porquê. Se vocês se lembram ou se encontrarem o motivo, não se deixem levar por ele. Aquilo foi naquele dia, naquela hora. As pessoas não devem ser julgadas pelo seu passado. E eu tento não fazer a mesma coisa.
Este blog combina muito com a minha nova fase: estou limpa! Se eu pudesse recuperar o meu blog eu o republicaria inteiro, não tenho nada a esconder. Mas as minhas defesas estão justamente aqui, dispostas. Entre, tire os sapatos e leia. Pode ser que ao invés de julgamentos, você encontre espelhos por aqui. Amigos. Um outro modo de ver as coisas. Algumas histórias legais de se contar e de saber. O modo como o meu blog - como qualquer outra coisa que se lê - vai afetar você, vai depender do seu olhar e nao do meu.
Tenho e tive minhas feridas. E se feri alguém, peço desculpas. Não tive a intenção de fazê-lo. Muitas vezes ferimos alguém justamente no momento em que nos defendemos. Só peço que não dêem muito valor às coisas que estiverem escritas aqui. Num dia eu sinto uma coisa e noutro, sinto outra. Um dia quero uma coisa, noutro quero outra.
Tudo o que aconteceu me fez pensar e repensar as coisas. Encontrei algumas explicações e percebi que o meu coração estava desativado e que isso aconteceu desde o momento em que escolhi um curso por pura conveniência. Tomei algumas decisões, que para alguns serão motivo para rir. Outros entenderão. Eu não tenho a necessidade de provar nada pra ninguém. Eu só quero buscar o meu coração, onde ele estiver. Já sei onde ele está!
***
Amigos? Sim, os tenho:
"Mel, vou te passar um texto pra depois fazer as devidas explicações: 'Em todas as almas há coisas secretas cujo segredo é guardado até à morte delas. E são guardadas, mesmo nos momentos mais sinceros, quando nos abismos nos expomos, todos doloridos, num lance de angústia, em face dos amigos mais queridos - porque as palavras que as poderiam traduzir seriam ridículas, mesquinhas, incompreensíveis ao mais perspicaz. Estas coisas são materialmente impossíveis de serem ditas. A própria Natureza as encerrou - não permitindo que a garganta humana pudesse arranjar sons para as exprimir - apenas sons para as caricaturar. E como essas ideias-entranha são as coisas que mais estimamos, falta-nos sempre a coragem de as caricaturar. Daqui os «isolados» que todos nós, os homens, somos´.
Mário de Sá Carneiro (in 'Cartas a Fernando Pessoa')
Eu acho que já te passei esse texto antes, lembro que comentei inclusive que ele consegue dizer o indizível. Passei agora de novo pra tentar explicar que tem horas que, por mais que a gente tente, não consegue mesmo dizer o que precisa, o que quer dizer. Então, eu só posso torcer pra que você saiba o quanto a sua amizade é valiosa pra mim, e o significado que ela tem na minha vida. Estar ao seu lado, ser sua amiga, é uma aventura constante. Você surpreende a cada minuto, com sua força, com seu talento, com sua sensibilidade, com sua generosidade, com a sua capacidade de reinventar tudo, sempre. Sem perceber, você transforma a rotina e a vida de quem tá do seu lado, desperta a gente pra coisas maiores, pra enxergar o mundo de outro jeito, pra querer (e ter forças pra) ser melhor. É uma dádiva ser sua amiga. Eu falo que andei picando salsinha na tábua dos dez mandamentos, mas devo ter feito algo muito bom, também, pra compensar a heresia, pra merecer algo assim...Então, Mel, te desejo o melhor Natal do mundo, um Ano Novo mágico, cheio de desafios, realizações, sonhos e alegrias. Que cada momento da sua vida, alegre ou triste, te traga algo de bom, e que vc esteja sempre rodeada de pessoas queridas. Em anexo, mando um poema do Vinícius, lindo de partir o coração (no bom sentido). Beijos, um grande abraço!!! Jú."
***
E por último:
Para você, que escreveu aquele e-mail horrível e que eu imagino quem possa ser, mas não tenho certeza. Que palavras horríveis!!! Imagine se você tivesse razão. Se eu realmente fosse depressiva e se realmente não tivesse amigos para me amparar, como fui amparada - e por muita gente - e se minha consciência me condenasse... o que uma pessoa assim poderia fazer depois de ler um e-mail daquele? Pensa um pouco. Da próxima vez toma cuidado quando for dirigir suas palavras. Elas me feriram. Mas elas poderiam matar.
***
Com sinceridade.

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